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Uma coroa para Deméter - Geraldo Labriola cria peça para rito-manifesto Cora Primavera, da Cia. Nada


Estreia neste sábado a peça Cora Primavera, da Companhia Nada Pensativo, no Centro de São Paulo. O espetáculo gratuito, que fica em cartaz até dia 1/12, tem a participação especial do nosso mestre Geraldo Labriola.

Não, Geraldo não deixou a ourivesaria para se arriscar no teatro (pelo menos, não por enquanto!). O espetáculo rito-manifesto – como intitula a própria Cia. – gira em torno de uma figura feminina, Cora, filha da deusa da terra, da fertilidade e da agricultura Deméter. E coube ao nosso ourives confeccionar a coroa que a deusa usa na peça.

O convite para criar o objeto cênico partiu do diretor Rafael Abrahão, amigo de Geraldo. "Nas minhas pesquisas, descobri que Deméter é a deusa da agricultura. Foi ela que trouxe o sustento ao Homem, ajudando-o a deixar de ser nômade para se estabelecer. É por ela que o Homem passa a entender e se conscientizar sobre as estações do ano e as coisas da natureza", explica Geraldo.

Abrahão conta que deu carta branca a Geraldo para criar a peça. "Você é o artista da coroa: pode propor! E aí ele logo veio com alguns materiais e começou a trocar ideias com a nossa figurinista, Caroline Calzoni. Foi um processo de dois, quase três meses", explica. Segundo o diretor, o objeto surpreendeu: "a gente simplesmente amou o resultado, amou!!! Geraldo é um alquimista, com um acabamento cheio de carinho".

Acostumado a produzir peças em ouro e prata na bancada, Geraldo encarou dois desafios para confeccionar a coroa. O primeiro foi o tamanho da peça, bem maior do que os brincos, colares e anéis a que ele costuma dar vida. O outro foram os materiais. "Tive que adaptar os equipamentos que eu tenho aqui no ateliê para trabalhar com o latão e o cobre e com uma peça tão grande." Outro desafio foi tornar a coroa confortável: "emborrachei ela por dentro para proteger a cabeça da atriz", revela Geraldo.

Com o Geraldo é assim: desafio dado é produto entregue com muito amor e muita dedicação. Não importa o trabalho que dê. Ficou lindo, não é não?


Coroa inspirada na natureza orna Deméter, interpretada pela atriz Camila Spinola (foto: Fellipe Oliveira/Divulgação)

A participação do Geraldo é uma contribuição ao rito-manifesto, que comunica a cultura LGBT e discute a violência contra a mulher, a ascensão do fascismo, a homofobia e a transfobia. A dramaturgia aproxima a representatividade LGBT com o mito grego das estações – o mito de Cora, personagem interpretada por Renata Bastos – e com o diálogo entre o personagem histórico Frei Caneca (padre pernambucano carmelita) e a Rua Frei Caneca (ícone urbano da cultura LGBT de São Paulo).

Nos tempos de intolerância que vivemos, uma temática mais do que necessária!

Serviço:

Cora Primavera

Praça Marechal Cordeiro de Farias (praça dos Arcos).

De 6 de outubro a 1 de dezembro, somente aos sábados, às 16h30. Grátis.

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