Designer, ourives e joalheiro: talento, prazer e alegria em comum
- Ateliê Labriola
- 23 de jun.
- 3 min de leitura
No fascinante mundo das joias, há três figuras que trabalham em perfeita sintonia para transformar ideias em verdadeiras obras de arte: o designer, o ourives e o joalheiro. Cada um tem seu papel bem definido — e todos são igualmente importantes para que uma peça encante desde a sua concepção até a chegada ao cliente. Em comum, todos eles têm a “joia”, palavra de origem no latim vulgar "jocalis", que por sua vez vem de "jocus", que significa "jogo" ou "graça". No entanto, essa palavra foi evoluindo e passou a significar "aquilo que causa prazer e alegria" e, posteriormente, "objeto precioso, ricamente trabalhado com materiais preciosos".
O trabalho do designer de joias pode ser considerado o ponto de partida. Na maior parte das vezes, é esse profissional quem mergulha no universo da criação, busca referências, explora tendências, brinca com formas, cores e texturas para dar vida a algo novo. Seu trabalho é conceitual e visual: desenhar peças funcionais que preservem a estética e agreguem significado. E não pense que é só rabiscar no papel – o designer precisa ter conhecimento de materiais, técnicas e viabilidade de produção para que sua criação não seja apenas bonita, mas possível de ser feita.

Esse é o momento no qual o ourives se torna o mago da bancada. Ele é quem transforma o projeto em realidade, com mãos treinadas e muita paciência. Usando ferramentas específicas e técnicas milenares, funde metais, solda, lima, crava pedras e dá acabamento às peças. É um trabalho minucioso, quase meditativo, e cada detalhe conta. Uma peça pode passar horas (ou dias!) sendo construída, ajustada, polida. Frequentemente, o ourives também sugere soluções para tornar a produção mais eficiente ou dar aquele toque especial que o desenho não previa.

E voilà! Com a peça pronta, é a vez do joalheiro assumir o papel de elo entre o público e a joia. Em geral, é sua função cuidar da parte comercial: montar coleções, definir preços, entender o perfil do cliente e saber como valorizar cada criação na vitrine – seja ela física ou digital. O joalheiro tem visão de mercado e sensibilidade para entender o que faz uma peça ser desejada. Em muitos casos, ele também gerencia a produção, trabalha com branding e pensa estrategicamente na marca como um todo.

Apesar de podermos distinguir didaticamente esses três papeis, a prática pode revelar que cada um deles tem potencial para atuar em todas as frentes. Como diria o ditado: de designer e joalheiro, todo ourives tem um pouco (ou muito!). E é importante a integração dos vários conhecimentos para potencializar a confecção de joias em todos os sentidos.
Vamos lembrar que a história da ourivesaria é tão antiga quanto a própria humanidade. Desde as primeiras civilizações, metais preciosos já eram usados para expressar status, beleza e espiritualidade. No Egito antigo, por exemplo, os ourives produziam peças complexas com técnicas como a granulação e a filigrana – que ainda hoje encantam. Na Idade Média, o trabalho era quase sempre feito sob encomenda, por mestres ourives em pequenas oficinas. Já no Renascimento, com a valorização da arte e do desenho, começou-se a distinguir o papel do criador (designer) da função do executor (ourives).
Hoje, com o avanço da tecnologia e a democratização do design, a profissão ganhou novos contornos: softwares de modelagem 3D, impressoras de cera, cortes a laser e marketplaces digitais abriram espaço para que designers independentes criem suas marcas e vendam diretamente ao consumidor final. Entretanto, mesmo com tanta inovação, a essência continua a mesma: o brilho da peça só acontece quando esses três talentos trabalham juntos.

Se você já está nesse meio ou pensa em entrar, vale lembrar: seja qual for sua função – criar, executar ou vender – o fundamental é respeitar e valorizar o processo como um todo. Porque uma joia não nasce pronta. Ela é fruto de muitas mãos, ideias e paixões que se combinam com maestria.
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