Conta a história que as joias sempre existiram para simbolizar algo de especial. As primeiras peças, que datam de aproximadamente 75 mil anos, foram confeccionadas com materiais orgânicos como o osso e conchas marítimas, sendo encontradas na região dos Bálcãs. Acredita-se que eram usadas como amuleto de proteção porque carregavam a energia da natureza. Também eram ostentadas para diferenciar a posição social da pessoa. As narrativas históricas variam, mas trazem um denominador comum: as joias têm energia e, portanto, afeto!
Feitas com pedras e metais preciosos ou com materiais mais acessíveis, sem valor comercial, as joias, semijoias e até mesmo as bijuterias podem expressar uma intenção ou um desejo. Independentemente do material, cada peça tem sua vibração energética própria e agrega valor afetivo. Até mesmo um anelzinho de plástico grudado no doce, como se fazia antigamente, tem o poder de provocar suspiros na mulher que está recebendo um pedido inusitado de casamento. E há histórias lindas também de alianças improvisadas com arame. Simplesmente, é impossível não reconhecermos o uso das joias como forma de demonstrarmos as nossas emoções.
No mundo da ourivesaria artesanal, testemunhamos diariamente a confecção de joias que agregam valor sentimental, o que as tornam exclusivas. Essas "joias afetivas" eternizam momentos únicos e especiais, e sua beleza está justamente em seu significado, que acaba provocando impacto ainda maior em quem as recebe. As peças são confeccionadas de maneira personalizada, usando-se técnicas artesanais e processos manuais minuciosos para torná-la singular. Claro que a fabricação de joias de forma industrial continua a todo vapor, porém o mercado da "joalheria afetiva" vem se consolidando cada vez mais. As pessoas têm preferido confiar a criação das suas joias a mestres ourives capazes de entender realmente o significado do seu projeto para "traduzi-lo" com o mesmo afeto.
Exemplos não faltam: transformar a alegria do primeiro dentinho do seu filho em um pingente; registrar o nome de uma criança com sua própria caligrafia gravado em um colar; guardar a primeira mecha de cabelo do bebê em um amuleto; celebrar a amizade entre duas pessoas usando um símbolo que as representam como berloque; confeccionar suas alianças de casamento usando as joias antigas dos avós; levar seu pet juntinho do coração em um pingente; declarar seu amor por alguém com uma peça criada exclusivamente para a ocasião… são inúmeras possibilidades, e tudo depende do propósito de cada pessoa.
A "joalheira afetiva" se dedica à preservação da lembrança de alguém ou de algum momento especial em nossas vidas. Expressa uma história de forma autêntica e mobiliza um enorme potencial criativo. Por isso, é muito importante que as escolas de joalheria artesanal incentivem os alunos a se apoiarem nas emoções dos clientes como referência, procurando se conectar com suas expectativas e sentimentos para ter clareza dos passos a seguir com aquele pedido. O desenvolvimento da percepção aguçada e da sensibilidade no olhar deve fazer parte do currículo mínimo, pois estimula os alunos a criarem peças com afeto e a buscarem soluções técnicas e estéticas que expressem a convergência desses valores.
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