Esse foi o tema do nosso concurso, recém-promovido entre alunos e ex-alunos do Ateliê Labriola. A proposta foi transformar uma antiga joia mantendo alguns dos seus elementos para criar uma peça nova. Havíamos pressuposto que o desafio seria um belo exercício de criatividade, o que não falta por aqui. E acertamos! Os alunos se envolveram de coração aberto e com muita imaginação.
A primeira etapa do concurso era apresentar uma foto da peça original para se inscrever, e obtivemos a adesão de 40% dos alunos. Ao recebermos as primeiras imagens, ficamos muito curiosos e animados também porque as joias eram lindíssimas. Cada uma com sua própria história, repleta de significados. As peças escolhidas pelos alunos estavam carregadas de valor e representação afetiva tais qual uma joia rara.
E foi lindo acompanhá-los na bancada durante a segunda etapa, período no qual os alunos passaram a desenvolver seus respectivos projetos. Um trabalho minucioso de transformação, que exigiu planejamento prévio e um bom espaço para o improviso. Afinal, nem tudo que se espera acaba acontecendo como pretendido. Essa é a natureza da criação, quando os eventos forjam seu próprio caminho, e o artista se lança no fluxo, confiante dos resultados da sua intervenção.
Mais interessante ainda, foi observar como é possível transformar o “velho” no “novo”, sem perder sua essência. Um verdadeiro desafio dentro do próprio desafio, e que vale também para a nossa existência. É a “grande criação” do universo sendo modificada por cada ser em suas particularidades, sempre refletindo sua alma. E assim foram surgindo peças incríveis nas bancadas do Ateliê.
Para além do simbolismo que o concurso permitiu explorar, constatamos o aprimoramento técnico dos alunos. Muitas vezes, transformar uma joia pronta pode ser mais trabalhoso do que produzi-la do zero. O cuidado e a delicadeza são as palavras de ordem porque qualquer medida milimétrica faz toda diferença ao manusear a peça. Algumas delas demandaram habilidades novas, mas nenhum aluno se deixou intimidar. Ao contrário, todos buscaram ampliar seu repertório para garantir o resultado desejado. Sucesso guiado pelo potencial de cada aluno!
Quando começamos a receber as “novas” peças prontas, sentimos que a tarefa de avaliá-las seria bastante instigante. Todos os projetos foram muito interessantes, inusitados e as joias encantadoras. Ainda bem que pudemos contar com um trio maravilhoso e competente para dar conta dessa terceira etapa. Alice Lobato, Karin Kröner e Rita Santos foram as juradas que escolheram os três projetos para a premiação.
Os contemplados foram: Carol Almeida (primeiro lugar), com seu bracelete criado a partir de um relógio de pulso antigo; Samantha Jorge (segundo lugar), que transformou um par de brincos em uma linda pulseira; e Admilson Ribeiro (terceiro lugar), que partiu de um pingente de tartaruga para produzir um anel imponente. As três peças selecionadas pelas avaliadoras são realmente de tirar o fôlego e representam o brilhantismo da obra conjunta realizada por todos os alunos que participaram do concurso.
Podemos afirmar o privilégio de receber em nosso espaço pessoas com tamanho potencial criativo e determinação. Foi muito gratificante sentir a energia dos alunos em cada projeto e perceber seus esforços na bancada. Para nós, o melhor resultado do concurso foi constatar que tudo se cria e tudo se transforma quando há valor afetivo aplicado naquilo a que nos propomos. Ressignificar uma joia para eternizar sua importância simbólica para uma pessoa é uma das magias que a ourivesaria artesanal permite. Ter estimulado essa descoberta junto aos alunos do Ateliê, servindo de celeiro para tantas criações, nos deixou muito felizes!
Comments